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09-novembro / Dedicação da Basílica de Latrão Ano C

DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE LATRÃO 

Todos os anos, no dia 9 de Novembro, a Igreja latina celebra a Festa da Dedicação da Basílica de Latrão. É uma festa que destaca o amor à Igreja e a unidade ao Papa. O Papa é o Bispo de Roma. A Basílica de Latrão é uma das igrejas cristãs mais antigas e é a catedral do Papa. É a Igreja mais antiga de Roma. Por isso, é chamada “Mãe e cabeça de todas as igrejas da cidade e do mundo”. Quando o dia 9 de Novembro coincide com o domingo, esta festa tem prevalência sobre a celebração do respectivo domingo comum. Porquê? Porque o dia do Senhor é também o dia da Igreja. O domingo não é uma festa local mas é o dia da universalidade e da unidade de todas as comunidades cristãs espalhadas pelo mundo. Roma não é somente uma cidade bela e monumental e um centro de peregrinações. Ela é o “vínculo sacramental perene”, desejado pelo Senhor, acima de todas as mudanças e acontecimentos históricos. Ela é o lugar do testemunho e da profissão de fé. Tudo o que Roma contém e significa (o Coliseu, as basílicas, as catacumbas, os cemitérios, os túmulos dos Apóstolos, o Vaticano…), leva-nos ao que S. Inácio de Loyola chamava “sentir com a Igreja”. As leituras deste domingo fazem referência ao “templo” cristão, com os seus três aspectos importantes. Em primeiro lugar, o evangelho de S. João começa com estas palavras: “No princípio era o Verbo… e o Verbo se fez carne”. Estas palavras proclamam-se no Natal. Fez-se carne, fez-se humanidade. São Paulo afirma que em “Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Col 2,9). O seu corpo, a sua pessoa é o verdadeiro Templo que sucede ao Templo do Antigo Testamento, feito de pedras grandiosas e com metais preciosos, mas foi destruído. Jesus Cristo é o sumo-sacerdote do seu próprio templo onde oferece em sacrifício a sua própria vida. Depois de ter sido morto, ao terceiro dia, a sua humanidade ressuscitada é já o templo definitivo da liturgia celeste, aberto ao Pai e aos homens, seus irmãos. Jesus oferece-se pela humanidade até ao fim dos séculos. O segundo aspecto do templo cristão refere-se à comunidade dos baptizados, na qual habita o Espírito de Deus. As comunidades diocesanas, paroquiais, religiosas, laicais constituem um templo de pedras vivas, constituído por pessoas diferentes na sua condição, idade, cultura e situação social. Podemos celebrar a Eucaristia numa praça, ao ar livre, sem paredes nem telhado, porque nós é que formamos o templo, nós somos as pedras vivas do Templo do Senhor. Em terceiro lugar, o templo é a casa de Deus ou a casa do Rei (“Basílica”). Assim, a estrutura de um edifício (seja uma pequena ermida ou uma imponente catedral) tem de estar ao serviço do corpo de Cristo e da assembleia dos cristãos. Se tal não acontecer, perverte-se; foi o que aconteceu com o Templo de Jerusalém no tempo de Jesus, como escutámos no evangelho. As nossas igrejas têm de ser casas de oração e não um centro comercial religioso. O altar consagrado – símbolo de Cristo – é a mesa do banquete sacrificial da Última Ceia. Onde se encontra o sacrário, tem de ser um lugar de diálogo pessoal com Cristo. Tudo o que contém as nossas igrejas (bancos, imagens, ornamentações, flores), têm de criar um ambiente que ajude cada pessoa a encontrar-se com Cristo. Cristo é verdadeiro Templo, o ponto de encontro entre o homem e Deus. Mas cada um de nós é Templo de Deus, porque o Espírito de Deus habita em nós. É preciso que cada um se construa por dentro, sem esquecer que a pedra angular é Cristo. Cuidemos das nossas igrejas. Mas, sobretudo, cuidemos das nossas celebrações, das nossas assembleias de pedras vivas, cuidemos da vitalidade da fé das nossas comunidades cristãs.

Sugestão de Cânticos
Entrada – Eu vi a Cidade Santa (NCT 311 ou B.M.L. nº 42) ou Nós somos as pedras vivas (NCT 312); Salmo Responsorial – NCT 325; Comunhão – Nós somos as pedras vivas (NCT 346), ou Louva, Jerusalém, o Senhor (NCT 345); Cântico de Final – Povo Teu Somos (NCT 360), ou Louvai ao Senhor, louvai (NCT 290)
Leitura Espiritual

«Destruí este templo, e em três dias o levantarei!» 

O Templo judaico, visível e material, estava confinado a um lugar. Nele não cabia o mundo inteiro, nem sequer uma nação, mas apenas um grupo reduzido de pessoas. O templo cristão, pelo contrário, é invisível e espiritual, e pode erguer-se em qualquer sítio. Jesus diz à Samaritana: «Mas chega a hora, e é já, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade» (Jo 4,23). «Em espírito e em verdade», porque a sua presença só pode ser real se for invisível. O real não é o que é visível; o que é material desagregar-se-á; o que está num lugar determinado é apenas um fragmento. No regime cristão, o templo de Deus é qualquer local onde os cristãos se reunirem em nome de Cristo; Ele está presente de forma completa em cada local, como se não estivesse em nenhum outro. E podemos entrar nesse templo, e juntar-nos aos santos que nele moram, à família celeste de Deus, de forma tão real como o adorador judeu entrava no recinto visível do Templo. Não vemos este nosso templo espiritual, mas essa é a condição para que ele esteja em toda a parte; pois não estaria em toda a parte se o víssemos num local específico. Nada vemos, mas de tudo fruímos. Já os profetas do Antigo Testamento no-lo apresentaram assim. Escreve Isaías «No fim dos tempos, o monte do templo do Senhor estará firme, será o mais alto de todos, dominará sobre as colinas e a ele acorrerão todas as gentes» (Is 2,2). O templo cristão foi revelado a Jacob, quando, em sonhos, viu «uma escada apoiada na Terra, cuja extremidade tocava o Céu; e, ao longo desta escada, subiam e desciam mensageiros de Deus» (Gn 28,12); mas também ao servo de Eliseu: «O Senhor abriu os olhos do servo, e ele viu o monte repleto de cavalos e carros de fogo em redor de Eliseu» (2Rs 6,17). Trata-se de antecipações do que seria estabelecido com a chegada de Cristo, que «abriu o Reino de Deus a todos os crentes». Por isso, São Paulo diz: «Vós, porém, aproximastes-vos do monte Sião e da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celeste, de miríades de anjos, do banquete celeste» (Hb 12,22). (São John Henry Newman, 1801-1890, teólogo, fundador do Oratório em Inglaterra, «A Igreja é uma casa para os que estão sós», PPS, vol. 4, nº 12)

Redação: Pe. Jorge Seixas liturgia@diocesedeviseu.pt
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