Secretariado Diocesano da Pastoral Litúrgica de Viseu
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4º DOMINGO DO ADVENTO ANO C 

A ARCA DA ALEGRIA E DA PAZ 

Na iminência do Natal, a Liturgia do Advento apresenta-nos, como modelo e companheira de caminhada, a Virgem Maria, esperando o Seu Filho. Os textos cristãos apresentam-na como a arca da nova aliança que nos acompanha, derramando a justiça divina. Durante muito tempo, o texto evangélico deste domingo foi considerado como uma linda crónica da vida de Maria e de Jesus. Atualmente, sabemos que é um relato redigido por São Lucas, onde cada palavra e imagem do acontecimento narrado foram tiradas do Antigo Testamento. Aqui ressoam os textos do Êxodo, dos livros de Samuel e outras passagens alusivas à arca da antiga aliança. Maria é apresentada como a arca da nova aliança, porque nela repousa a sombra do Espírito Santo (“O Espírito Santo virá sobre ti”). Este texto não é somente uma manifestação do espírito de serviço da jovem de Nazaré, mas também do estilo de vida de todos aqueles que acolhem a Palavra de Deus. São Lucas afirma que Maria, cheia do Espírito Santo, “pôs-se a caminho”. Ela recebe o Verbo Eterno no seu seio e compreende que Aquele que a gerou exige dela a mesma atitude que Ele tem e que O levou a encarnar: “Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade”. A vontade de Deus, para quem acolhe a Sua Palavra, não é ficar no sossego de uma vida intimista, mas sair para partilhar e ser testemunha da obra de Deus. Maria diz-nos que, se queremos celebrar o Natal, acolhendo o Verbo Eterno, temos de estar disponíveis para nos “incomodarmos”, ou seja, saindo da nossa passividade existencial para transmitir aos outros a Palavra de Deus feita carne. Quando São Lucas escreve que Maria saudou Isabel, certamente não está a referir-se a uma cortesia habitual, como “bom dia” ou “boa tarde” (se fosse assim, não teria a preocupação de o deixar por escrito); mas é uma saudação importante. É a ressonância da saudação que percorre todo o Antigo Testamento, como anúncio de que Deus cumprirá as suas promessas: “Shalom”, paz. Maria, enquanto arca da nova aliança, e hoje a comunidade cristã, põem-se a caminho para levar a paz de Deus. A paz é o primeiro sinal da presença de Cristo entre a humanidade. E o presépio deve continuar a aparecer nas nossas casas, ruas e praças como uma bela tradição. As figuras do presépio ajudam-nos a compreender e a viver a paz de Jesus. Tendo o Menino Jesus, como o centro, todas estas figuras simbolizam o silêncio da esperança que irradia paz. O Advento ensina-nos que celebrar o Natal não consiste somente em receber o autor da paz, mas em comprometermo-nos a sermos instrumentos dessa paz. Maria, a arca da nova aliança, é portadora de paz e o fruto dessa paz é a alegria. Assim como o rei David dançou diante da arca da antiga aliança, quando ela chegou a Jerusalém, São Lucas narra que João Batista saltou de alegria com a presença de Maria, saudando a sua mãe, Isabel. Hoje, ao acolher a Palavra de Deus, a comunidade cristã é presença do mistério da encarnação. Onde há pessoas batizadas, deve existir alegria, porque Cristo está presente com a sua paz. Semear e propagar alegria é fruto de uma sã vivência cristã. Significa ter deixado Cristo, Rei da paz, entrar na vida, até nas áreas mais dolorosas. Maria, Isabel e João ensinam-nos que viver o Evangelho tristemente é compreensível, mas não é cristão. Dificuldades e sofrimentos todos têm na vida; por isso, a mensagem da Boa Nova tem como fundamento a plena felicidade da pessoa humana que só se encontra em Jesus Cristo. Já falta pouco tempo para terminar o Advento. Não há tempo a perder. Sigamos o exemplo de Maria que, cheia do Espírito Santo, portadora do Verbo, pôs-se a caminho, anunciou a paz e semeou a alegria. Como Ela, coloquemos a nossa vida ao serviço de Deus, para que a mensagem do amor divino chegue ao coração de todo.

Sugestão de Cânticos

Entrada – Derramai, ó céus, NCT 23; Abra-se a terra (M. Luís) – NCT 38; Sabei que o nosso Deus (M. Simões) – CEC I 38; Ofertório – Alma Redemptoris Mater, NCT 58; Ó Céus do alto rociai (Popular) – CEC I 24; Vinde, Senhor, e não tardeis (F. Borda) – NCT 41; Comunhão – Todos vós que tendes sede, NCT 48; Eis que uma Virgem conceberá (B. Sousa) – CEC I 26; Vinde, vinde, ó desejado (M. Luís) – CEC I 35; Final – Maria, fonte da esperança, NCT 53; Feliz és tu (C. Silva) – CEC I 28; Como Maria, diz sim a Deus (C. Silva) – OC 64

Leitura Espiritual

«O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas» (Lc 1,48) 

Quando toca um coração, é típico do Espírito Santo afastar dele toda a tibieza. Ele ama a prontidão, é inimigo dos adiamentos, dos atrasos na execução da vontade de Deus: «Maria dirigiu-se apressadamente». Que graças não se terão derramado sobre a casa de Zacarias quando Maria ali entrou! Se Abraão recebeu tantas graças por ter albergado três anjos em sua casa, que bênçãos não se terão derramado sobre a casa de Zacarias, onde entrou o Anjo do Grande Conselho (Is 9,6), a verdadeira Arca da Aliança, o divino profeta, Nosso Senhor, escondido no seio de Maria! Toda a casa ficou repleta de alegria: o menino estremeceu, o pai recuperou a fala, a mãe ficou cheia do Espírito Santo e recebeu o dom da profecia. Vendo Nossa Senhora entrar em sua casa, ela exclamou: «Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?» E Maria, ouvindo o que a sua prima dizia em seu louvor, humilhou-se e rendeu glória a Deus de todo o coração. Confessando que toda a sua felicidade procedia desse Deus que tinha posto «os olhos na humildade da sua serva», entoou o belo e admirável cântico do seu Magnificat. Também nós devemos estar transbordantes de alegria quando o divino Salvador nos visita, no Santíssimo Sacramento ou através de graças interiores, das palavras que, dia a dia, nos diz no coração! (São Francisco de Sales, 1567-1622, bispo de Genebra, doutor da Igreja, «Ephata»)

Autor dos textos, Padre Jorge Seixas liturgia@diocesedeviseu.pt
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