O CRISTÃO É O CAUDAL DA ESPERANÇA, DA CONFIANÇA E DA ALEGRIA
Na Sagrada Escritura, são muitas as imagens utilizadas para exprimir as profundas experiências de encontro com Deus, onde constatamos que Deus ultrapassa tudo quanto possamos esperar. Quanto mais nos aproximamos de Deus e entramos no seu mistério, penetrando na sua beleza e no seu amor, mais nos surpreendemos com a sua grandeza. Neste domingo, a leitura de Isaías é um cântico sobre a abundância dos dons do Senhor. É utilizada a imagem de um rio, de uma torrente que vai crescendo. É uma imagem que nos recorda o dom de Deus, que é contínuo e não intermitente. O Senhor cumula-nos com os seus dons em todos os momentos da nossa vida, ou seja, em qualquer circunstância somos objeto do seu amor. Portanto, o rio pode ser para nós um sinal de fidelidade a Deus que nos leva a confiar cada vez mais no Senhor. Quando temos a sensação que o Senhor não nos abençoa com os seus dons, que já não nos ouve, que parece estar indiferente aos nossos pedidos, não quer dizer que tenha desviado de nós o caudal do rio, mas que está a fazer crescer o desejo e a esperança em cada um de nós. Assim, preparamos o nosso coração para acolher este rio, que não conseguimos compreender. Quando nos encontramos com o Senhor, fazemos uma experiência de alegria. Recordemos a narração da ressurreição: a alegria dos discípulos ao verem Cristo ressuscitado. É a mesma alegria que sentimos quando nos encontramos com um amigo, ou quando um casal se encontra. Assim é o encontro entre Deus e cada um de nós. O amor move-se num ambiente de alegria e de festa. Portanto, todos os que amamos o Senhor e que sentimos que somos amados por Ele, temos de ser alegres. Não podemos viver acabrunhados, destroçados, não podemos arrastar-nos pela vida. Apesar de tudo, temos de nos alegrar, porque o Senhor nos ama e nos recorda qual é o ponto de chegada da história: a vitória de Deus sobre o mal e sobre a morte. É ao domingo que celebramos a maior vitória do povo dos redimidos: a Páscoa. É evidente que teremos dias em que estaremos alegres e dias de tristeza: é a condição humana. Mas o cenário da nossa vida, pelo facto de sermos cristãos, não pode ser outro senão a alegria. É esta a alegria dos setenta e dois discípulos, enviados por Jesus. O que estariam a pensar? Que alegria estar com Jesus e ser enviado a anunciar o Reino de Deus! Neste domingo, pedimos a Deus que nos dê “uma santa alegria…para que possamos chegar à felicidade eterna”. Teremos alegria se nos abrirmos ao dom de Cristo ressuscitado, que nos concede a paz: “paz a esta casa”. Nunca podemos esquecer: o Senhor quer que vivamos felizes, alegres e não amargurados e cabisbaixos. Quando alguém está alegre e vai ao encontro do irmão, isso nota-se nele! A sociedade precisa de alegria e nós, como testemunhas do ressuscitado, temos de levar paz e alegria aos nossos irmãos. Devemos ser uma torrente transbordante, pela qual se transmite vida para nós e para os outros. Devemos ser uma torrente que vai crescendo, transmitindo tudo o que vamos recebendo do Senhor, sem sermos tentados pelo egoísmo. Sejamos o carinho de Deus, a mão bondosa de Deus para os outros. Esta é a nossa missão, esta foi a missão dos setenta e dois discípulos: levar a alegria do Evangelho a todos. A frase “Está perto o Reino de Deus”, significa que o nosso Deus chegou e inunda-nos com os seus dons. É a alegria do Evangelho que irá renovar este mundo, cheio de conflitos, onde falta a esperança e a alegria. Sejamos rio, onde corre esperança, confiança e alegria. |